De um ano pra cá, centenas de milhares de brasileiros passaram a trabalhar por conta própria porque perderam o emprego. E muitos não têm do que se queixar.

A arquitetura sempre foi um sonho pra Gabriela Carvalho. Ela trabalhava num escritório e estava feliz da vida. Só que em junho veio a demissão.

“Claro que foi um baque, mas eu não me deixei abater”, garante a artesã.

Depois da demissão, a Gabriela aprendeu a costurar sapatinhos de bebê. O primeiro molde ela pegou na internet.

“Só fiz um e coloquei a foto desse pezinho que eu fiz numa rede social e no dia seguinte chegaram 18 encomendas. E aí eu resolvi fazer e nunca mais parei”, conta ela.

A Gabriela faz 200 sapatinhos por mês. Ela paga imposto, dá nota fiscal, faz tudo certinho. E cada dia está com mais clientes.

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É tempo de mudança pra muitos brasileiros. A última pesquisa do IBGE mostrou que o desemprego está subindo e atingiu 8,7% no final de agosto. Em 12 meses, diminuiu o número de trabalhadores com carteira e aumentou os que trabalham por conta própria.

O diretor superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano, diz que a hora da demissão pode ser um bom momento pra abrir o próprio negócio, mas tem que planejar bem. “Precisa estudar e precisa escolher bem esse ramo de atividade. Nesse momento em que a pessoa não tem muito dinheiro pra investir, abrir uma empresa que demande pouco investimento pode ser uma boa”, indica.

O Edilson Gomes seguiu esse caminho. Em junho, foi demitido duma montadora e investiu o dinheiro que recebeu da empresa numa franquia de estética em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. Deu tão certo que agora ele vai abrir uma outra unidade. “Quando as duas unidades estiverem atuantes, com certeza vai ser muito maior o lucro, o rendimento do que eu tinha na fábrica”, diz o empreendedor.

A lâmpada precisa trocar, o chuveiro está queimado, a torneira da pia está com vazamento e pra piorar a tomada não funciona? Só que tem gente que tem talento pra consertar tudo isso e agora está usando essa habilidade pra ganhar dinheiro.

O Eduardo Marques trabalhava como técnico de informática, perdeu o emprego e trocou o computador pelas ferramentas. Virou um microempreendedor individual ou marido de aluguel, como ele prefere ser chamado. “Estou ganhando mais, está compensando e tem mais liberdade também”, comenta.

Tanto que quando recebeu uma ligação do antigo chefe: “Me ligaram e falaram: ‘olha, a gente está precisando, você não quer voltar?’. Aí eu olhei pras minhas ferramentas, olhei pro serviço e disse não. É esse aqui que eu quero fazer”, afirma.

Fonte: Jornal Nacional